sexta-feira, 11 de maio de 2007

CONSIDERAÇÕES

A reflexão do pensamento

Grupos temáticos trouxeram pouco do pensamento latino americano para o congresso


A proposta do XI Colóquio Internacional sobre a Escola Latino Americana de Comunicação - CELACOM 2007 girou entorno do pensamento latino americano e suas contribuições para os estudos realizados nas diversas questões que envolvem a comunicação social.

Embora todos os palestrantes das mesas redondas e dos colóquios citassem a importância dos teóricos que desenvolveram teorias e pensamentos latinos, como uma outra forma de pensar a comunicação em nosso contexto, a maioria dos Grupos temáticos trouxe em seus trabalhos, referências de autores europeus e americanos.

Este pode ser um reflexo de como é pouco trabalhada a Escola Latino Americana de comunicação - ELACOM nas Uinversidades. Os trabalhos, em sua maioria, embasavam suas análises em estudiosos de escolas já mais consagradas, e trazendo pouco para o debate o pensamento de pensadores latinos como Paulo Freire e Luiz Beltrão.

Nos curriculos das universidades de comunicação esta também é uma realidade. Pouco se utiliza como embasamento de aulas os pensadores latino-americanos. Com isto era quase provável que os trabalhos apresentados, a maioria de pós-graduandos em comunicação, seguisse a linha de pensamento na qual é mais introduzida nas universidades.

A Escola Latino Americana ainda é pouco difundida nos cursos de comunicação social, e necessita de eventos como este para que seja apresentada para muitos alunos.

Para compreeender melhor a ELACOM:






Por Sandra Henriques

quinta-feira, 10 de maio de 2007

COMUNICAÇÃO NO RS


Alunos da Ecos e professores embarcam para Passo Fundo

Mais de 40 alunos partiram no início desta madrugada rumo ao Intercom Sul; alguns apresentarão trabalho

Fotos: Rafael Varela
acadêmicos da Ecos chegando no campus da UPF

A XI edição do CELACOM chegou ao fim, mas os congressos de Comunicação e a vontade dos acadêmico de participar, não. Exemplo disso foi a excursão organizada pelo Diretório Acadêmico da UCPel. Por volta da 1h10 desta quinta-feira (10), mais de 40 alunos embarcaram para Passo Fundo (RS), rumo ao Intercom Sul 2007. Dentre eles, a professora Margareth Michel e o presidente da Intercom, professor José Marques de Melo, que também esteve no CELACOM.

A mestranda em linha de pesquisa em jornalismo, Eloísa Klein, 26, da
Unisinos, demonstrava expectativa na manhã de hoje. Ela, a exemplo de outros acadêmicos da ECOS, irá participar do Grupo Temático de jornalismo, que acontece amanhã durante todo o dia e sábado pela manhã. Alguns alunos da Escola irão apresentar trabalhos. Eloísa espera que seja dado continuidade ao processo de troca de idéias, a partir das linhas de pesquisa, propostas metodológicas e do estudo do pensamento de teóricos do campo, desenvolvido no CELACOM.

Já o acadêmico de publicidade e propaganda da UCPel, Fabrício Garcia, 21, espera que o enfoque das palestras do Intercom Sul seja mais voltado para sua habilitação e, mais especificamente, para o mercado de trabalho. “Minha expectativa é de que o evento seja mais voltado para a prática. Seja mais ligado às ferramentas da publicidade, já que no CELACOM houve uma maior preocupação com a escola [universidade], como era a proposta” .
Reizel Cardozo,19, organizadora da excursão e também acadêmica de Comunicação Social (jornalismo) da ECOS, era só sorrisos desde que desembarcou na capital da literatura.

Logo depois do almoço, por volta das 15hs, ela deu seu “depoimento” para o coberturacelacom2007. “Está sendo um alívio, principalmente porque eu fiquei com grande parte da responsabilidade [excursão]. Parece que todos estão satisfeitos. E mesmo com uma viagem longa – foram mais de dez horas de viagem, porque às 7h30 o motorista parou em Santa Cruz – nada saiu fora do esperado. E agora que já estamos estabelecidos é só
se focar no Congresso e sugar (sic) o máximo daqui, das palestras e das pessoas”.
Reizel Cardozo organizou a excursão

Por: Rafael Varela

CRÔNICA


Teoria x Práxis


Discreto. Quase invisível. Eliseo Verón perambulou pelos corredores da UCPel durante os três dias do CELACOM 2007. Com ar sereno, quase indiferente, o homenageado do colóquio parecia não notar os olhares curiosos que o seguiam por toda parte.

Rumores de um mau humor congênito surgiram da platéia, a seriedade do pesquisador se tornou um signo que indicava a manutenção de uma distância segura. Mais que isso, a fama de intelectual dos intelectuais tornou o perímetro de sua figura radioativo para aqueles que desconheciam o tal argentino.

Sentado sempre na quinta fileira do auditório central, o homem tão esperado parecia esquecido entre os ouvintes e, assim como eles, escutou atenciosamente sobre Internet, Freire, América Latina, Antônios e formatos.

Mesmo quando o barulho de marteladas e serras invadiu uma das exposições, o olhar de Verón se manteve fixo ao palestrante. Uma concentração quase inabalável, uma expressão quase congelada.

Com sobrancelhas arqueadas e cabelo branco algodão, o renomado homem da comunicação latina causou tremor e algumas horas de nervosismo naqueles que o entrevistaram, mas também garantiu cadeiras lotadas e transmissão ao vivo quando subiu ao palco.

No último dia, na última hora do congresso, ele, o grande homenageado, sentou sozinho frente ao público para falar por si. Depois de uma mesa de Doutores discutindo sua obra, Verón se dirigiu vagarosamente à mesa de explanação.

Sem qualquer falsa modéstia agradeceu aos responsáveis pelo CELACOM e prometeu não se alongar. “Há o jogo de futebol às dez”. Naquele momento, o homem distante e calado que cruzava pela UCPel estava, despretensiosamente, arrancando risos da platéia.

E assim foi. Durante os poucos minutos que ficou sob os holofotes, o grande homenageado se comunicou de forma simples, objetiva e descontraída. Provando que, além de inovador, Verón também é surpreendente.

Ao contrário de alguns Doutores, o argentino falou aos acadêmicos, reduziu seu próprio tempo de verbalização e cativou os expectadores com um discurso horizontal e agradável.

Mais uma vez Eliseo rompeu paradigmas e desconstruiu, através da simplicidade, uma idéia já formada. A imagem dura de Verón mudou no imaginário dos ouvintes após poucos minutos de palestra.

A estrela do CELACOM se manteve apagada até o momento exato de brilhar e, quando o fez, foi aplaudido de pé pelos olhos curiosos que o seguiram durante os três dias de congresso.


Por Mabel Teixeira

HUMOR: ESTRELAS DA ECOS

Conhecendo o elenco de Estrelas da ECOS!!!

A última estrela aqui apresentada é nosso famoso e querido Diretor Wally Carimbo Sanguiné. Preocupado com seus lapsos de memória, nosso mestre resolveu comprar uma agenda eletrônica a qual passou a chamar de Semia. Infelizmente o chip da nova ajudante era chinês e ela não soube processar os dados no nosso idioma.




Por Mabel Teixeira

HUMOR

EXTRA, EXTRA: Professores da ECOS desaparecem após encerramento do CELACOM




Por Mabel Teixeira

ESCRITA x ESTILO


“O fato se atêm em sua existência. A notícia é a significação do fato”.

O palestrante Manuel Chaparro faz crítica às normas que padronizam a escrita

Foto: Divulgação

Em defesa de um estilo mais opinativo e literário dos textos, Manuel Carlos Chaparro convidou os estudantes de comunicação a questionar a forma de escrita predominantemente funcionalista e burocrática de se fazer jornalismo.

Renomado professor da USP, Chaparro falou ao público sem qualquer outra ferramenta que não fosse o conteúdo proveniente de seu conhecimento e experiência. Não utilizou slides ou anotações. Levantou-se da mesa e elaborou questões tangentes aos gêneros em jornalismo impresso e os recursos a que se presta a escrita de acordo com as diferentes significações que pode produzir a pluralidade de seu uso.

Para o professor, o jornalismo é uma aptidão muito particular, e o ponto de vista do profissional sempre estará interpelando o texto que relata. Portanto, mais legítimo seria que o relator tivesse liberdade de emitir sua opinião do que ser tolido pelas padronizações de estilo.

Seguindo o raciocínio, Chaparro explica que “a notícia é produto da mente, e não produto dos fatos”. E afirma: “a opinião não contamina a informação”. Assim, muitas bandeiras levantadas no meio acadêmico em nome do que chamam de imparcialidade e objetividade são contraditas pela noção de legitimidade da profissão.

Para concluir o pensamento exposto na mesa, pode-se dizer que Manuel Chaparro fez uma crítica ferrenha e concisamente sustentada ao “embargo” à criatividade jornalística, e que a linguagem utilizada por este bloqueio reflete na forma de produzir ações na sociedade e interagir com a realidade, motivo que acentua a preocupação do professor quanto à função do jornalista como agente intermediário entre os fatos e suas significações.


Ao fim dos debates propostos na mesa redonda 1, Manuel Chaparro aceitou responder a um questionamento feito pela equipe do Cobertura CELACOM 2007:

Cobertura Celacom: Professor Chaparro, para que o jornalista se liberte de formas funcionalistas de noticiar, não seria necessário que no ambiente acadêmico o aluno tivesse mais liberdade para escrever ao invés de sofrer uma “desconstrução de estilo?”

Manuel Chaparro: “Um dos grandes problemas desse jornalismo que se ensina é o problema da cultura dos manuais. Os manuais são receituários e amarram a criatividade jornalística. Eu acho que os professores deviam seguir no rumo oposto, quer dizer, quem escreve, quem narra, tem que ser criativo, olhar o objeto e impor a essa observação sua própria perspectiva. Agora, tem que escrever bem, qualquer que seja a forma, qualquer que seja a escolha. Às vezes a técnica funciona, e funciona bem, porque ela está testada. Mas, sob o ponto de vista da criação, da nossa relação criativa com o texto, a técnica, as normas, os manuais devem ser contrariados. Esta é minha opinião”.
Por Juliana Recart

SAIBA MAIS: IMAGEM E COMUNIDADE

Mostra do projeto Ilha dos Marinheiros

O trabalho fotográfico que conta a vida de uma comunidade através das imagens foi exposta no CELACOM 2007


Fotos: Arquivo do Projeto Ilha dos Marinheiros

Fotografias do projeto Ilha dos Marinheiros, do Curso de Comunicação Social UCPel, foram expostas durantes os três dias do CELACOM 2007 no saguão do campus II.

Coordenados pelo professor de fotografia da ECOS, Carlos Recuero, os alunos que participam do projeto escolheram aproximadamente 100 imagens para retratar o trabalho que fazem junto à comunidade.

O objetivo do projeto é mostrar a vida desta comunidade, que ainda se encontra isolada dos processos de comunicação, através das fotografias tiradas a partir do cotidiano daquelas pessoas, que demonstram a admiração ao trabalho dos alunos ao recepcionarem eles afetuosamente cada vez que chegam à ilha.

Não somente para aqueles que não conhecem o local as fotos interessam, mas também para a própria comunidade, que se emociona ao ver a história de suas vidas nas imagens captadas. Assim, a equipe fotográfica tem o compromisso também de entregar em mãos, a seus “modelos”, as fotos batidas.

Uma das ex-integrantes do projeto, Rebeca Recuero, conta que no início os moradores estranhavam a presença dos alunos e a lente fotográfica sempre a procura de um novo registro, mas com o tempo não só se acostumaram como também começaram a admirar e valorizar o trabalho.

Detalhes:

· O projeto Ilha dos Marinheiros teve inicio em 1990 com a idéia de Flávio Neves, ex-aluno da ECOS, que morava próximo à comunidade e propôs o trabalho ao professor Carlos Recuero.

·A comunidade encontra-se afastada da cidade de Pelotas. Fica nas proximidades de Rio Grande e o único jeito de chegar até eles é de barco.

·A equipe do projeto é dividida em grupos, cada uma responsável por uma das famílias e o acompanhamento de suas rotinas.

·Os moradores da Ilha vivem de pesca, agricultura e venda de artesanato. Alguns deles nunca saíram da comunidade, ou sequer viram a um aparelho de televisão.


Por Juliana Recart