quinta-feira, 10 de maio de 2007

CRÔNICA


Teoria x Práxis


Discreto. Quase invisível. Eliseo Verón perambulou pelos corredores da UCPel durante os três dias do CELACOM 2007. Com ar sereno, quase indiferente, o homenageado do colóquio parecia não notar os olhares curiosos que o seguiam por toda parte.

Rumores de um mau humor congênito surgiram da platéia, a seriedade do pesquisador se tornou um signo que indicava a manutenção de uma distância segura. Mais que isso, a fama de intelectual dos intelectuais tornou o perímetro de sua figura radioativo para aqueles que desconheciam o tal argentino.

Sentado sempre na quinta fileira do auditório central, o homem tão esperado parecia esquecido entre os ouvintes e, assim como eles, escutou atenciosamente sobre Internet, Freire, América Latina, Antônios e formatos.

Mesmo quando o barulho de marteladas e serras invadiu uma das exposições, o olhar de Verón se manteve fixo ao palestrante. Uma concentração quase inabalável, uma expressão quase congelada.

Com sobrancelhas arqueadas e cabelo branco algodão, o renomado homem da comunicação latina causou tremor e algumas horas de nervosismo naqueles que o entrevistaram, mas também garantiu cadeiras lotadas e transmissão ao vivo quando subiu ao palco.

No último dia, na última hora do congresso, ele, o grande homenageado, sentou sozinho frente ao público para falar por si. Depois de uma mesa de Doutores discutindo sua obra, Verón se dirigiu vagarosamente à mesa de explanação.

Sem qualquer falsa modéstia agradeceu aos responsáveis pelo CELACOM e prometeu não se alongar. “Há o jogo de futebol às dez”. Naquele momento, o homem distante e calado que cruzava pela UCPel estava, despretensiosamente, arrancando risos da platéia.

E assim foi. Durante os poucos minutos que ficou sob os holofotes, o grande homenageado se comunicou de forma simples, objetiva e descontraída. Provando que, além de inovador, Verón também é surpreendente.

Ao contrário de alguns Doutores, o argentino falou aos acadêmicos, reduziu seu próprio tempo de verbalização e cativou os expectadores com um discurso horizontal e agradável.

Mais uma vez Eliseo rompeu paradigmas e desconstruiu, através da simplicidade, uma idéia já formada. A imagem dura de Verón mudou no imaginário dos ouvintes após poucos minutos de palestra.

A estrela do CELACOM se manteve apagada até o momento exato de brilhar e, quando o fez, foi aplaudido de pé pelos olhos curiosos que o seguiram durante os três dias de congresso.


Por Mabel Teixeira

2 comentários:

Nathalia King disse...

amiga, só uma coisa..
mto bom o teu texto!
simples e muito gostoso de ler! :)
Beijão!

Cristian Iepsen disse...

coleguinha, simplismente show o texto!! mto bom mesmo!!