terça-feira, 8 de maio de 2007

PALESTRA ELISABETH BASTOS DUARTE

Gêneros televisivos contradizem o mundo real

Aquilo que deveria representar cotidianos, na verdade internaliza em seus “clientes” um falso discurso

Foto: Divulgação

Elisabeth Bastos Duarte


No segundo dia de CELACOM, a Mesa Redonda 2 trouxe o debate Gêneros Midiáticos: formatos impressos e audiovisuais, sob a coordenação de Antonio Hohlfeldt.

Entre os expositores convidados, Elisabeth Bastos Duarte, atualmente professora de Pós Graduação da Universidade Federal de Santa Maria, falou sobre os Gêneros para produção televisiva, e garantiu o interesse do assunto ao afirmar que os gêneros são “um guia de leitura e uma forma de controlar os sentidos”.

Para Elizabeth, a classificação dos gêneros televisivos obedecem um sistema de vendas de produtos ao telespectador. “O merchandising faz parte de toda a estrutura de programação”, comentou ela ao introduzir a idéia de lógica de mercado a que atende a televisão aberta brasileira.

Em uma análise sobre as categorias que permitem classificar os gêneros, Elizabeth apontou a televisão como algo que nasceu para representar uma janela do mundo, que levaria para o exterior uma serie de discussões produzidas pelo meio. Assim, a tv propunha uma relação direta com o mundo real e o discurso, tendo a veracidade de seu relato como um compromisso. Dessa forma, duas classificações de gêneros podem ser verificadas: o plano de realidade e o regime de crença.

A questão é que, atualmente, este regime de crença é lesado com os cenários montados pela programação que não correspondem à realidade, chegando sim a relacionar-se com um mundo paralelo e contraditório, praticamente uma farsa do desenho social, mas que acaba fazendo parte dos discursos produzidos e significações internalizadas pelos telespectadores. É a televisão criando, a partir de regras próprias, e de seus mais legítimos interesses, pautas em cima de realidades artificiais. Nas palavras da palestrante, “como se o exibido substituísse o relato”.

Após o debate, a palestrante Elizabeth Duarte, questionada quanto ao merchandising nas programações televisivas, respondeu à equipe do blog “ cobertura CELACOM 2007”:

“Até pouco tempo atrás a publicidade era um gênero televisual, mas um gênero intervalar. Hoje, a publicidade ganhou novos formatos.

O merchandising é um formato de publicidade que entra no interior dos programas, que faz parte da estrutura narrativa desses programas. Por exemplo, existem tele novelas que já são planejadas para abrigar uma série de merchandising. Então, existe uma hibridação enorme daquilo que seriam gêneros, ou subgêneros audiovisuais na minha ótica, e o subgênero que é a publicidade, hoje, adentrou para o interior dos programas, das emissões. O mesmo aconteceu com o marketing social”.
Por Juliana Recart

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